O fator de crescimento de fibroblastos 21 (FGF-21) é uma proteína envolvida na regulação da glicose, lipídios e metabolismo energético. Para atuar nos tecidos-alvo, o FGF-21 endócrino liga-se preferencialmente ao receptor FGF 1 (FGFR1) na presença do co-receptor denominado β-klotho (KLB). Alguns dos efeitos do FGF-21 incluem aumento da oxidação de ácidos graxos, captação de glicose, sensibilidade à insulina e termogênese, que pode regular o peso corporal e o controle da glicemia. Por exercer tais efeitos metabólicos, o potencial terapêutico do FGF-21 para o tratamento da obesidade e diabetes tem sido investigado.
O exercício físico tem sido amplamente utilizado para a prevenção e tratamento da obesidade. Vários mecanismos mediam os efeitos do exercício físico, incluindo a via do FGF-21. Estudos têm mostrado que o exercício físico aumenta a concentração de FGF-21 circulante e tecidual em animais, enquanto resultados contraditórios ainda são observados em humanos. Considerando o papel metabólico do FGF-21 e a chance do exercício físico induzir a secreção de FGF-21, nesta revisão foi explorado o potencial da modulação do FGF-21 induzido pelo exercício físico como estratégia de prevenção e tratamento da obesidade.
O efeito crônico do exercício físico sobre o FGF-21 tem sido extensivamente investigado. Em indivíduos magros, um aumento significativo na concentração de FGF21 foi demonstrado após duas semanas de treinamento em esteira. Por outro lado, não encontraram diferença na concentração plasmática de FGF-21 após um programa de exercícios de 24 semanas (exercício aeróbico contínuo + resistência). Conforme discutido anteriormente, diferenças nos protocolos de exercícios, idade e sexo dos participantes podem explicar os resultados.
Em pessoas obesas, tanto o HIIT quanto o treinamento resistido aumentam os níveis de FGF-21 e o mesmo pode ser observado em indivíduos diabéticos que realizaram treinamento resistido e treinamento aeróbico contínuo. Por outro lado, alguns estudos mostram uma redução nos valores de FGF-21 após treinamento resistido e treinamento concorrente, ou nenhuma alteração após treinamento aeróbico contínuo em cicloergômetro e HIIT. Uma possível explicação para esse fenômeno é a adaptação às sessões subsequentes de exercício físico, diminuindo a produção de FGF-21 pelo fígado.
Nesta revisão, foi mostrado que o exercício físico tem o potencial de modular os níveis circulantes de FGF21 em humanos e animais, enquanto os efeitos teciduais foram observados principalmente em animais. Por atuar na redução das concentrações de glicose e lipídios no sangue, o que melhora a sensibilidade à insulina, o FGF-21 merece ser alvo de estudos que buscam descobrir formas de prevenir e tratar a obesidade.


